Como as ervas podem nos auxiliar

Eu vou me banhar, de manjericão. Vou sacudir a poeira do corpo, batendo com a mão. E vou voltar, lá pro meu congado. Pra pedir pro Santo pra rezar quebranto, cortar mal olhado…

Clara Nunes – Banho de Manjericão

As ervas fazem parte da religião de umbanda tanto quanto fazem parte os pontos riscados, os pontos cantados, as imagens no congá, o bater cabeça, a roupa branca… ou seja, é impossível imaginar um ritual de umbanda, seja ele qual for (e vamos listar em breve quais são), sem envolver uma planta, uma flor, uma erva que seja.

Se a gente observar a história da Umbanda, quando lembramos do episódio do Pai Zélio no Centro Espírita onde manifestou o Caboclo das Sete Encruzilhadas, o seu primeiro ato, da sua primeira manifestação foi, justamente, a de colocar uma flor em cima da mesa onde estavam reunidos os médiuns naquela reunião. Logo, o elemento vegetal está presente desde a anunciação da religião de Umbanda até os dias de hoje, onde já é possível, inclusive, estudar sobre o uso das ervas dentro das práticas religiosas. E onde e como, afinal, a as ervas e as plantas estão presentes?

  • No preceito do médium: de todos os terreiros e médiuns de umbanda que eu conheço, 100% deles fazem banhos de descarrego/limpeza no dia de gira, como parte do preceito e preparação para os trabalhos mediúnicos. Nestes casos, as ervas cumprem a função de auxiliar na limpeza energética do médium, contribuindo para a elevação da sua vibração pessoal e facilitando a incorporação e conexão com os guias para o trabalho daquele dia.
  • Nas firmezas, assentamentos e no congá do terreiro: não somente como uma parte decorativa do terreiro. Quando avistamos as plantas em pontos de força dentro do terreiro, é importante que se saiba que elas ali estão sendo fundamentais para fornecer axé dos Orixás, através do magnetismo característico de cada planta, que se conecta com a vibração dos elementos que estão ligados nessas firmezas e assentamentos. No congá, as ervas também são utilizadas pelos guias durante as consultas nas aplicações de passes, curas e reequilíbrios energéticos das pessoas que visitam o terreiro em busca de ajuda (e dos espíritos desencarnados também).
  • Na defumação: Tanto dentro do terreiro, quanto em casa, a defumação com ervas secas e resinas tem a função de diluir as energias negativas condensadas, purificar o ambiente, sutilizar as vibrações, tornar o espaço e as pessoas presentes receptivas às energias sublimes. Isso tudo é essencial para preparar os médiuns e os consulentes para a gira, onde todos poderão se beneficiar do axé dos Orixás e do trabalho dos Guias Espirituais.
  • No processo terapêutico: É impossível uma pessoa ir a um terreiro e sair de lá sem uma receita de um banho de ervas, rs. Isso porque os benefícios que temos a partir do uso delas é infinito, visto a grande variedade que temos de plantas. Os Guias tem um vasto conhecimento ancestral e magístico do uso das ervas em benefício do ser. Pode-se recomendar banhos, escalda pés, defumações, bate folhas, chás, óleos consagrados, poções entre outras para diversos objetivos: limpeza, descarrego, quebra de demanda, purificação, equilíbrio, alegria, prosperidade, cura, desenvolvimento mediúnico, auto estima, auto confiança, harmonia… e por aí vai. Com bom senso, o uso das ervas pode ser uma poderosa ferramenta de bem-estar para qualquer pessoa, esteja ela dentro da Umbanda ou não.

Enfim, vemos o uso em diversos momentos dentro da gira, em oferendas, na preparação para os trabalhos, em rituais individuais e coletivos (amacis, por exemplo). Vamos, nos próximos posts, explorar um pouco mais esse vasto universo das plantas? Já quero reforçar que eu uso diversas fontes para esse conteúdo, entre eles: os cursos e o livro de Rituais com Ervas do Adriano Camargo; os conteúdos do Edu Parmeggiani, o livro Bruxaria Natural, da Paige Vanderbeck; e outras fontes.

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